terça-feira, 22 de agosto de 2006

Lampejante aparição

Parece mentira, uma treta, patranha, albugem, burla, peta...parece, mas não é. A ausência tem mesmo a ver com isto, a desculpa mais esfarrapada, gasta e usada do quotidiano: falta de tempo.
Ouço, com ligeiro desdém, vozes unânimes a contestar: “falta de tempo?! Já lá vai mais que uma fiada de 30 dias! Ninguém tem tanta falta de tempo!”

Pois não terão aqueles que, qual rábula das pedras grandes-pedras pequenas-areia-água dentro de um frasco, organizam-se muito bem e encaixam tudo nessas míseras 24 h do dia, que na verdade são mais-ou-menos 12, porque eu tenho de dormir e comer.

Ora eu ando de alguidar de fermento para bolos debaixo do braço, escada acima escada abaixo, limpando o suor que me caí pelo rosto e me empapa a bata. Sempre a congeminar se ponho mais lenha no forno, ou se largo esta vida. Se salgo ou adoço o preparado. Perco-me em pensamentos vãos. Afogo-me na frustração de ter coisas para fazer e nem disposição, nem mãos limpas nem espírito aberto. Entendem porque não dei com as caras neste pasquim? Ah! Fosse eu um trabalhador organizado...mas calhou-me o tango certo de quem amassa, não de quem põe na montra da padaria!

Seja como for, tinha de aparecer. Não porque tenha prometido, mas se assim largo os segredos negros deste covil, salvo a minha alma e o destino de quem aqui se mete.

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