quinta-feira, 9 de setembro de 2010

amputação

No passado, cortei um dedo, cortei-o de mim. Era um pedaço de mim que me levava em viagens. Trazia-me até à boca uma gota derretida de gelado, virava a página do livro que me fazia viajar, retirava o cabelo da face quando o mesmo me obstruía a visão.
Cortei o dedo que me ajudava a rir porque tinha de tomar caminhos mais sérios.
Cortei-o porque sabia que ele tinha vontade própria.

E como em todas as amputações sentimos o membro cortado.E sentimos, paradoxalmente, a falta que nos faz. Esse pequeno, frágil, envergonhado e peculiar dedo habita a minha mente. Lembro-me com força a dedicação que devo ter aos restantes, mas é desse que sinto falta.

Resolvi bem o meu passado, o problema está naquilo que existe no presente.
Como se faz sentir muito presente, agora neste presente onde vivo, tive de o cortar outra vez.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Terror

O Terror habita dentro de nós. Não há nada que nos assusta. Há o Terror que mora dentro das nossas mentes e se manifesta com algo que o atiça. O nosso ego tertulia diariamente com os seus medos e com os seus irmãos mais fortes: os Terrores. Quando se finge capaz, o nosso intimo, passa por esses entes a fingir que são meras presenças, e não estremece.
Porque nos aterrorizamos com coisas com que convivemos outrora?
Tudo se pode acalmar, sarar, ou conviver, sem pânico. É isto que nos dizem os filhos de Freud.
E se assim é, o Terror não é mais de que o nosso ser apoquentado perante o cenário que associamos a realidade já conhecida.
Que palermice...mas já agora valia a pena pensar nisto...

***

Como gosto de chuva!
As primeiras águas têm um sabor especial, uma visita que me envolve naquela surdina do gotejar. O cheiro, inigualável, acalma-me.
O sono torna-se mais fluído e a chuva que caí lá fora leva-me os medos.
Limpa-me a alma, é o que é.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

perco o pé

c o m e s t e s o m...




HIM - In Joy & Sorrow

Drive



Sometimes, I feel the fear of uncertainty stinging clear
And I can't help but ask myself how much I let the fear
Take the wheel and steer
It's driven me before
And it seems to have a vague, haunting mass appeal
But lately I'm beginning to find that I
Should be the one behind the wheel

Whatever tomorrow brings, I'll be there
With open arms and open eyes yeah

Whatever tomorrow brings, I'll be there
I'll be there

So if I decide to waiver my chance to be one of the hive
Will I choose water over wine and hold my own and drive?
It's driven me before
And it seems to be the way that everyone else gets around
But lately I'm beginning to find that
When I drive myself my light is found

Whatever tomorrow brings, I'll be there
With open arms and open eyes yeah

Whatever tomorrow brings, I'll be there
I'll be there

Would you choose water over wine
Hold the wheel and drive

Whatever tomorrow brings, I'll be there
With open arms and open eyes yeah

Whatever tomorrow brings, I'll be there
I'll be there

Expectativas

Quem deseja, espera. Quem espera dos outros, cria cenários e expectativas. Quem tem expectativas, tem desilusões.

Eu sou uma fraca fortaleza que ruí um pouco mais a cada embate das ondas, um farol que não ilumina, porque não tem espelho. Porque não se vê nos outros, porque não os encontra nas suas expectativas.

Cumprir promessas

Como o pagador de promessas, aqui estou eu. Prometi escrever e não o fiz nesse momento. Faço-o, porque gosto de cumprir promessas e porque tenho muito para escrever, mesmo que nada para dizer. Vicio? Ou a eterna vontade de me ligar aos outros?

demsiado

A força com que desfaço as carcaças e ajudo à superação de cada talhante, como guio a sua mão trémula para a melhoria, não me surge quando dela necessito.
Para mim não sou forte, nem tenho sabedoria. Não me guio nem me ensino. E não me supero.
Afundo-me na lama que se acumula debaixo dos meus pés.
Dou passos lentos e pesados, até essa lama secar e ter a (pequena) capacidade de me libertar do que se transformou em pó.
Volto a caminhar com igual firmeza, mas no entanto, um pouco de mim ficou naquele pó, e guardo, junto com os meus cutelo, todas as fraquezas que tenho.
É demasiado sentir.