quinta-feira, 28 de outubro de 2010

veio o frio

Veio o frio, e com ele a preguiça doce da lareira, do sofá, das castanhas, dos amigos e da falta de vontade de colocar aqui as coisas que me vão surgindo nesta mente desgastada da observação.
Está aqui a explicação da ausência. Ou a explicação que me parece credível.

Porque na verdade tenho tanta coisa para dizer mas com pouca vontade de revelar.
Até questiono fazer um novo blog, ou vestir este de nova roupagem (talvez seja mesmo do frio) e torna-lo mais aprazível, mais lido, mais convidativo e menos hermético. Menos meu, talvez. ou mais claro.

Que devo fazer?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Esperança

Muita esperança me enche a alma. E poucas perspectivas.
A natureza é sempre soberana.
O Estado um carrasco.
O amanhã uma incógnita.
A mente e feitos humanos uma verdadeira incongruência.

Ter esperança é viver no limbo, saber que se avança no arame sem saber se ha rede, estarmos preparados para tudo (o melhor e o pior) na ansiedade e certeza de não se estar preparado para coisíssima nenhuma.

Odeio a incerteza, mas não sobrevivo a certezas a encher-me a vida. É uma violação à imaginação, à adrenalina, à emoção.

38

Já passa dos 30,é mais que 35 e ainda não são os afamados 40's. Fazer 38 é satisfatório.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

amputação

No passado, cortei um dedo, cortei-o de mim. Era um pedaço de mim que me levava em viagens. Trazia-me até à boca uma gota derretida de gelado, virava a página do livro que me fazia viajar, retirava o cabelo da face quando o mesmo me obstruía a visão.
Cortei o dedo que me ajudava a rir porque tinha de tomar caminhos mais sérios.
Cortei-o porque sabia que ele tinha vontade própria.

E como em todas as amputações sentimos o membro cortado.E sentimos, paradoxalmente, a falta que nos faz. Esse pequeno, frágil, envergonhado e peculiar dedo habita a minha mente. Lembro-me com força a dedicação que devo ter aos restantes, mas é desse que sinto falta.

Resolvi bem o meu passado, o problema está naquilo que existe no presente.
Como se faz sentir muito presente, agora neste presente onde vivo, tive de o cortar outra vez.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O Terror

O Terror habita dentro de nós. Não há nada que nos assusta. Há o Terror que mora dentro das nossas mentes e se manifesta com algo que o atiça. O nosso ego tertulia diariamente com os seus medos e com os seus irmãos mais fortes: os Terrores. Quando se finge capaz, o nosso intimo, passa por esses entes a fingir que são meras presenças, e não estremece.
Porque nos aterrorizamos com coisas com que convivemos outrora?
Tudo se pode acalmar, sarar, ou conviver, sem pânico. É isto que nos dizem os filhos de Freud.
E se assim é, o Terror não é mais de que o nosso ser apoquentado perante o cenário que associamos a realidade já conhecida.
Que palermice...mas já agora valia a pena pensar nisto...

***

Como gosto de chuva!
As primeiras águas têm um sabor especial, uma visita que me envolve naquela surdina do gotejar. O cheiro, inigualável, acalma-me.
O sono torna-se mais fluído e a chuva que caí lá fora leva-me os medos.
Limpa-me a alma, é o que é.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

perco o pé

c o m e s t e s o m...




HIM - In Joy & Sorrow

Drive



Sometimes, I feel the fear of uncertainty stinging clear
And I can't help but ask myself how much I let the fear
Take the wheel and steer
It's driven me before
And it seems to have a vague, haunting mass appeal
But lately I'm beginning to find that I
Should be the one behind the wheel

Whatever tomorrow brings, I'll be there
With open arms and open eyes yeah

Whatever tomorrow brings, I'll be there
I'll be there

So if I decide to waiver my chance to be one of the hive
Will I choose water over wine and hold my own and drive?
It's driven me before
And it seems to be the way that everyone else gets around
But lately I'm beginning to find that
When I drive myself my light is found

Whatever tomorrow brings, I'll be there
With open arms and open eyes yeah

Whatever tomorrow brings, I'll be there
I'll be there

Would you choose water over wine
Hold the wheel and drive

Whatever tomorrow brings, I'll be there
With open arms and open eyes yeah

Whatever tomorrow brings, I'll be there
I'll be there

Expectativas

Quem deseja, espera. Quem espera dos outros, cria cenários e expectativas. Quem tem expectativas, tem desilusões.

Eu sou uma fraca fortaleza que ruí um pouco mais a cada embate das ondas, um farol que não ilumina, porque não tem espelho. Porque não se vê nos outros, porque não os encontra nas suas expectativas.

Cumprir promessas

Como o pagador de promessas, aqui estou eu. Prometi escrever e não o fiz nesse momento. Faço-o, porque gosto de cumprir promessas e porque tenho muito para escrever, mesmo que nada para dizer. Vicio? Ou a eterna vontade de me ligar aos outros?

demsiado

A força com que desfaço as carcaças e ajudo à superação de cada talhante, como guio a sua mão trémula para a melhoria, não me surge quando dela necessito.
Para mim não sou forte, nem tenho sabedoria. Não me guio nem me ensino. E não me supero.
Afundo-me na lama que se acumula debaixo dos meus pés.
Dou passos lentos e pesados, até essa lama secar e ter a (pequena) capacidade de me libertar do que se transformou em pó.
Volto a caminhar com igual firmeza, mas no entanto, um pouco de mim ficou naquele pó, e guardo, junto com os meus cutelo, todas as fraquezas que tenho.
É demasiado sentir.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Mais uns que racharam

Tal como já tinha dito aqui, quando os pés de barro das personagemzinhas racham, demonstram que afinal só traziam fumo na sua pretensão e nas afamadas feitorias.
Aguardei pacientemente para ver rachar mais uns. E vejo agora o choro falso de quem tem de manter a figura.
Porque não há verdade nas pessoas? Porque não encontramos amiúde, pessoas de verdade? Porque não se assume a nossa verdadeira dimensão?
Também me escondo nesta cozinha, dirão os meus escassos leitores, mas por contrariar a vaidade dos meus feitos.É também assim que a Humanidade me encanta, pelos seus mistérios.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ir. Simplesmente.


Sempre em corrida elegante pelos dias que se apresentam, vou no meu majestoso cavalo chamado Orgulho. Não soberba, desenganem-se, mas Orgulho de não cair.
Os que atiram contra mim que aguentem.

Agenda inútil

Tenho na agenda fazer tantas coisas. Acabo por não conseguir, mas entre grelhados e frituras, a minha mente deambula em outras tantas coisas.
Acho que nasci com um problema grave: imaginação em demasia.
Não que viva noutro mundo ou longe da realidade, mas creio sempre que tenho mais possibilidades para dissecar.

Por isso de nada me adianta uma agenda ou um menu para seguir. nem uma lista de compras. Sou a indisciplina em pessoa.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

um minuto

Por cada minuto vivido, houve tantos outros expirados. Num segundo, o mais audaz do meu ser foi tomado como a terrível vivência de não ser mortal. O facto de ser um ser pouco comum, deixou um rasto avassalador na minha consciência, dito em palavras frias e ternas.
A admirável diferença era, então, o que me acercava do abismo. Aquele abismo onde, ao olharmos para trás, percebemos que estamos sós. Uma clausura vítrea onde olhamos o exterior sem sermos alcançados.
Eternamente neste devir de inquietude que nos impõem, explicamos o nosso estar e, num cansaço limítrofe damos o ultimo e sôfrego suspiro de alento. Como um grito de socorro e ao mesmo tempo de auxilio. Porque nunca, nem por um momento, deixamos de servir.
E nesse devir paradoxal, ficamos manietados pela quietude do desprezo e da distancia.
assim percebemos que não fomos ninguém, porque não somos mortais.

Nós, os diferentes.

Alguém compreenderá? Quem compreende, admira. Quem admira, recusa.
Sempre só e errante vai a diferença.
E a diferença reside no sempre acreditar, e alimenta-se na persistência. Acredito ainda que há um minuto, em que o desejar é tão forte, que todo o universo roda noutra direcção. Algo ficará para trás, algo se perderá, e haverá sempre um sabor que não sucumbiu ao paladar.
Haverá sempre um desejo por realizar. Esse fugaz equilíbrio salva-nos da insanidade.

Por cada minuto vivido, houve tantos outros expirados.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

toca e foge

O conceito toca e foge, foi algo que apareceu numa bancada das minhas cozinhas.

Há já algum tempo, estava a gritar aos aprendizes pela sua total inoperância que me enlouquecia. Ouvia o crepitar das brasas no grelhador e o som metálico da faca na bancada de inox, porém os clientes reclamavam ruidosamente as suas refeições que tardavam em aparecer. Chovia lá fora como torrentes jugulares e a cozinha escurecia após cada relâmpago.

Nada corria conforme a ordem militar e precisa impunha,aquela ordem imposta por treinos que traduz cada movimento numa precisa necessidade para a seguinte e por fim traduz-se em resultados a manifestarem-se em segundos previstos no primeiro movimento. É assim que uma cozinha deve ser.
Estávamos perante uma total desordem. Estava capaz de matar os incapazes que balbuciavam movimentos inúteis naquela pressa imposta pela pressão dos camareiros que faziam rodopiar as portas giratórias! Os pedidos esvoaçavam cada vez que o maitrê batia energicamente na banca reclamando os seus ossos bucos ou a dourada em crosta de amêndoa. Nada funcionava.

Sabiam que poucas coisas me tiravam do eixo dominador, mas a ruína e o fracasso era uma conjugação que me faziam reagir.

Agarrei vários pelos braços, e sacudi-os com a força do meu corpulento e furioso estar. Coloquei-os em cena e repeti-lhes num tom grave que iriam padecer de cortes ferozes se em dois segundos não estivessem os pratos na banca do maitrê.

No entanto percebi algum tempo depois, e quando o número de papéis deixava de acumular-se na bancada, que um dos pouco profundos entes, corria e trazia pequenos alimentos à cozinha. Quando lhe perguntei o que era aquele passeio disse-me "estou a trabalhar!". Na verdade, parecia. Mas na verdade, não era. Aparecia, mostrava-se e quando chegava a hora da verdade fugia.

Tal como as mulheres que seduzem e não consumam, que tocam mas não acariciam, toda esta atitude é nauseabunda. É revestir-se de uma verdade que não se assume. querem ser castas vestidas na pele do lobo.

terça-feira, 13 de julho de 2010

parece-me que...

Parece que tenho de voltar a narrar histórias da minha cozinha. Há coisas que não sei contar de outra forma.

telha

estou de "telha", que é como quem me diz "estás com a mosca", ou como se diz ao pequeninos "com uma birra".
Depois de muito me esmerar, organizar e aplicar, tenho tentado infinitamente mas não consigo postar durante o dia. 2 minutos em cada período de trabalho e teria material para partilhar.
não consigo, e não tenho muito tempo ou condições (agora que mudei de casa e tenho uma infinidade de coisas para fazer) para me sentar aqui. Mesmo que o Capitania me mereça muito.

Não é mesmo caso para estar com uma grandiosa telha?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Temos tantos assuntos

Temos tantos assuntos, que depois não temos assuntos nenhuns.
A blogsfera está recheada de repetições.

Mas mesmo assim há muita gente a publicar coisas interessantes, bem escritas, leves, refrescantes.
Há muitos assuntos para partilhar, mesmo quando não têm assunto nenhum.

44˚ C.puffff....

Desfaço com o calor.A minha tensão, não superior à de um passarinho pequeno, não me permite ser exuberante e chego a sofrer. Mesmo assim faz falta na minha vida esta letargia obrigatória. Tenho nostalgia mesmo antes de chegar o fim do verão.

sábado, 3 de julho de 2010

não percebo

Não percebo as pessoas que tem as oportunidades à frente e queixam-se de que elas não lhe batem, não as castigam, não as forçam a agarrá-las.
Não percebo porque essas pessoas se queixam que não querem estar como estão.
Não percebo nem tenho feitio para não as fazer pensar, para não as questionar.
Que ideia tão absurda achar que se vai ser dono do mundo sem se sair do quintal.
Não percebo.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

estiveram 32˚C

"a" frase

Uma palavra sem uma ideia que a sustente, é inútil.
(Raul Moura Mendes in Uma ideia com defeito http://toqueinonada.blogspot.com/ )

quarta-feira, 30 de junho de 2010

para ter uma desculpa

Passei uns dias valentes a ouvir o entusiasmo de ajuntar as grupetas e tribos à volta de uma televisão para ver a bola.
No entanto o entusiasmo e invariavelmente, a quem perguntava por prognósticos, me respondia com um nariz retorcido que não havia grandes certezas de uma vitória.
Ora, sendo assim, de onde vem o discurso de espanto e desilusão quando constatado que afinal a equipa portuguesa perdeu? ...hummm...quer-me parecer que, racionalmente, perdeu-se o alegre motivo de esta azafama para preparar a visualização dos jogos e resumos, e a desculpa para ocupar umas horas em convivio.
Acho que se deve arranjar já uma boa desculpa. antes que se pague...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

não vale de nada fingir. há maldicência encapotada naquele ar singelo e propositadamente misterioso. é uma atracção fatal que tens, mas efemera e cansativa. não te quero nem para amiga.

segunda-feira, 22 de março de 2010

caramba, há quanto tempo!!

Decidi parar. chamaram-me caústico, perigoso, obsceno.
Decidi parar.
Já não farei deste um imenso e inenarrável muro de escrituras atrozes.

Agora, serei mais um blog. Talvez até lhe mude o nome. Já não sou um capitão (alguma vez o terei sido?)

Vou mudar para uma mansão, ali perto das pedras gastas e sujas do entorno histórico desta cidadezeca. Também descobri que as amizades estão em sítios sombrios e estranhos. Também descobri que apesar das tuas ausências me doerem sou perfeitamente auto-suficiente e prefiro estar sozinho que assim não me canso a esperar algo de vós.

pronto. já disse. contentes?!