...em demasia me parece a estupidez acumulada num ser com quem tenho de partilhar parte dos meus pacatos mas ferozes dias...
Só registo isto como um desabafo solidário àqueles que tem de tratar com essa espécie em expansão que são os estúpidos. Noutras paragens já testei este modelo, e resulta. é um quase-documento cientifico.
Passo a explicar: na descarga dos camiões de fruta, verduras, carne, peixe ou outros víveres, sou obrigado a cruzar-me e entediar-me em conversas absurdas com um ser de outro restaurante.
O outro restaurante é como se fosse uma segunda secção. O Dono é o mesmo para o qual cozinho.
Tenho de falar e não ignorar, porque mandam as regras de boa cortesia que troquemos trivialidades com os pares de outras secções. Até de restaurantes alheios ao cluster.
Se sou um embestiado que na verdade gracejo umas palavras com os transportadores, tenho de me obrigar a falar com os pares.
O importante ressaltar é que há neste par algo que me revolve as entranhas, e isso deve-se ao facto de ser um ente em que prolifera uma tamanha estupidez e demência que até chego a assombrar. A ignorância que exubera dava para uma boa dezena de mentecaptos. Mas este ilustre carrega sozinho este monumento à estupidez, e espantem-se: faz luxo de a deter.
É um joguete do Dono. Pausadamente devora-lhe a alma ao vesti-lo com um pequeno esterlato de lhe visitar amiúde o seu estabelecimento e isso fá-lo saltitar na sua fraca figura.
Apesar de confeccionar comida fraca, desprovida de imaginação e qualidade, e que com frequência acarreta problemas gastro-intestinais aos clientes e subordinados, o Dono usa-se dele para maquinar a hostilidade dos pares, como eu.
Não que o Dono desprestigie as demais secções apesar de não lhes demonstrar agraciamentos, mas a criatura enlevada em visualizações mais frequentes do Dono, usa um circuito de intrigas e distorções repugnante, recriando intrigas e desentendimentos desprovidos de verdade e base.
Ora, perdera esse poder de incomodar no momento em que lhe agraciei os paladares e menus . Levará a secção à ruína, e essa fama alargar-se-à a todos os restaurantes.
E com palmas e sorrisos, com malabarismos falsos passo mais depressa esses cinco minutos de contacto.
Assim se agraciam os estúpidos, especialmente aqueles que a carregam em demasia.
Amy Winehouse - Back To Black
Há 6 anos
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